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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Alarcão, Morin, Lourenço Filho e Gusdorf

Pedagogias histórico-sociais e outras tendências. Desafios do século XXI, pesquisa sobre Isabel Alarcão, Edgar Morin, Lourenço Filho e Georges Gusdorf.

Isabel Alarcão

Isabel Alarcão, nascida em 03 de setembro de 1940, Educadora portuguesa, Doutora em Educação e membro do Centro de Investigação Didática e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF), da Universidade de Aveiro, em Portugal, estuda a formação docente desde 1974 explica como é a escola reflexiva.
Para Isabel Alarcão, as escolas precisam ser dinâmicas e questionadoras para isso o docente precisa ser reflexivo para atender às necessidades de uma sociedade em constante transformação.
O coordenador que investe na reflexão coletiva entre os membros da equipe tem de ser um observador atento de uma realidade mutante e um profissional alerta para as ideias dos outros. No dia a dia, precisa dar espaço ao crescimento dos colegas e à própria capacidade de decisão sem perder o sentido do trabalho coletivo.
Segundo Isabel Alarcão a escola é o lugar ideal para reflexão porque é nela que está à realidade em toda a sua complexidade, é nela que está a realidade em toda sua complexidade, a tensão entre o pensamento e a ação, entre as tomadas de decisão e a avaliação de seus efeitos. É na escola, também que está a possibilidade de construir conhecimento por meio da prática coletiva, ser reflexivo individualmente pode levar a sentimentos de frustração e solidão, o ideal é que os gestores tenham  um espírito de colaboração real, orientado por um objetivo comum: a melhoria da educação.
O pior que pode ocorrer com um educador é pensar que sabe tudo, e que os outros não saibam de nada, a reflexão e o diálogo vão fortalecer a concepção da Educação como uma tarefa que exige a complementaridade de saberes, o respeito pelos conhecimentos do outro e o reconhecimento dos próprios limites.

Edgar Morin
Edgar Morin nascido em 08 de julho de 1921, foi antropólogo, sociólogo e filósofo francês, se formou em direito, história e geografia, autor de mais de 30 livros, sua principal obra foi constituída em seis volumes chamada “O Método” no qual foi escrito por três décadas e meia que aborda a epistemologia (ciência que faz entender sobre o homem).
Ele foi considerado um dos principais pensadores contemporâneos e um dos principais teóricos da complexidade.
Para ele, a figura do professor é determinante para a consolidação de um modelo “ideal” de educação. Através da Internet, os alunos podem ter acesso a todo o tipo de conhecimento sem a presença de um professor, mas a presença de um professor se faz necessária porque o professor deve ser o regente da orquestra, observar o fluxo desses conhecimentos e elucidar as dúvidas dos alunos. Por exemplo, quando um professor passa uma lição a um aluno, que vai buscar uma resposta na Internet, ele deve posteriormente corrigir os erros cometidos, criticar o conteúdo pesquisado. É preciso desenvolver o senso crítico dos alunos. O papel do professor precisa passar por uma transformação, já que a criança não aprende apenas com os amigos, a família, a escola. Outro ponto importante: é necessário criar meios de transmissão do conhecimento a serviço da curiosidade dos alunos. O modelo de educação, sobretudo, não pode ignorar a curiosidade das crianças.
Os maiores problemas do modelo de ensino que foi instituído nos países ocidentais é aquele que separa os conhecimentos artificialmente através das disciplinas. E não é o que vemos na natureza. No caso de animais e vegetais, vamos notar que todos os conhecimentos são interligados. E a escola não ensina o que é o conhecimento, ele é apenas transmitido pelos educadores, o que é um reducionismo. O conhecimento complexo evita o erro, que é cometido, por exemplo, quando um aluno escolhe mal a sua carreira. Por isso Morin afirma que a educação precisa fornecer subsídios ao ser humano, que precisa lutar contra o erro e a ilusão.
Ao pensar em um conhecimento mais simples, a nossa percepção visual. Ele vê as pessoas que estão com ele, essa visão é uma percepção da realidade, que é uma tradução de todos os estímulos que chegam à nossa retina. Por que essa visão é uma fotografia? As pessoas que estão longe são pequenas, e vice-versa. E essa visão é reconstruída de forma a reconhecermos essa alteração da realidade, já que todas as pessoas apresentam um tamanho similar. Todo conhecimento é uma tradução, que é seguido de uma reconstrução, e ambos os processos oferecem o risco do erro. Existe outro ponto vital que não é abordado pelo ensino: a compreensão humana. O grande problema da Humanidade é que todos nós somos idênticos e diferentes, e precisamos lidar com essas duas ideias que não são compatíveis. A crise no ensino surge por conta da ausência dessas matérias que são importantes ao viver. Ensinamos apenas o aluno a ser um indivíduo adaptado à sociedade, mas ele também precisa se adaptar aos fatos e a si mesmo.
É preciso estabelecer um jogo dialético entre razão e emoção. Descobriu-se que a razão pura não existe. Não podemos abandonar a razão, o sentimento deve ser submetido a um controle racional, por exemplo, o economista, muitas das vezes, só trabalha através do cálculo, que é um complemento cego ao sentimento humano. Ao não levar em consideração as emoções dos seres humanos, um economista opera apenas cálculos cegos. Essa postura explica em boa parte a crise econômica que a Europa está vivendo atualmente.
Para ele a literatura e as artes deveriam ocupar mais espaço no currículo das escolas, para se conhecer o ser humano, é preciso estudar áreas do conhecimento como as ciências sociais, a biologia, e a psicologia. Mas a literatura e as artes também são um meio de conhecimento. Os romances, por exemplo, retratam o indivíduo na sociedade, e transmitem conhecimentos sobre sentimentos, paixões e contradições humanas. A poesia é também importante, nos ajuda a reconhecer e a viver a qualidade poética da vida. Literatura e artes não podem ser tratadas no currículo escolar como conhecimento secundário.
A opinião dele sobre o sistema brasileiro de ensino, é que o Brasil é um país extremamente aberto a minhas ideias pedagógicas. Mas a revolução do seu sistema educacional vai passar pela reforma na formação dos seus educadores. É preciso educar os educadores. Os professores precisam sair de suas disciplinas para dialogar com outros campos de conhecimento. E essa evolução ainda não aconteceu. O professor possui uma missão social, e tanto a opinião pública como o cidadão precisam ter a consciência dessa missão.

Manuel Bergström Lourenço Filho (03/1897 – 08/1970)
Lourenço Filho educador e pedagogo, de origem brasileira, nascido no interior de São Paulo, conhecido por sua participação no movimento dos pioneiros da Escola Nova.
Ele foi um educador sedento do novo, que bebia nas fontes do novíssimo, das últimas novidades pedagógicas do cenário internacional. Sua preocupação, de fato, voltava-se também para o fazer pedagógico.
Na Educação sua contribuição abrange temas como: educação pré-primária, alfabetização infantil e de adultos, ensino secundário, ensino técnico rural, universidade, didática, metodologia de ensino, administração escolar, avaliação educacional, orientação educacional formação de professores, educação didática e literatura infanto-juvenil, textos espalhados por numerosos livros, revistas, jornais, cartilhas, conferências, apresentações e prefácios.
Ele acredita que "ensinar" é a arte de transmitir conhecimentos e técnicas, processo e esse papel historicamente coube à escola. Já em relação à Educação, esta, deveria ser integral, oferecer mais que a instrução, pois cabe a ela integrar os indivíduos.
Com a Escola Nova o real papel da escola primária é o de adaptar os futuros cidadãos, essa integração da criança na sociedade resume toda a função da escola gratuita e obrigatória, e explica, por si só, a necessidade da educação como função pública (para todos).  A escola deve preparar para a vida real, pela própria vida.
 Ler, escrever e contar são simples meios; as bases da formação do caráter, a sua finalidade permanente e inflexível. Do ponto de vista formal, isso significa a criação, no indivíduo, de hábitos e conhecimentos que influam diretamente no controle de tendências prejudiciais, que não podem ou não devem ser sufocadas de todo pelo automatismo psíquico possível na infância. E como consequência, nos grandes meios urbanos, à escola cabe, hoje, facilitar a orientação e seleção profissional, pelo estudo das aptidões individuais da criança, conhecimento e esclarecimento do desejo dos pais, tradição e possibilidades da família

Georges Gusdorf (1912 – 2000) 
Georges Gusdorf nascido o ano de 1912 e falecido no ano e 2000, foi um filósofo francês que pensou sobre o papel e a importância do professor em uma nova sociedade, colocando como centro do processo ensino-aprendizagem, a relação professor-aluno.
Nasceu em Bourdeaux, lecionou na Universidade de Estrasburgo e combateu o regime nazista. Em decorrência disso, foi prisioneiro de guerra entre 1940-1945, período em que escreveu artigos e sua tese sobre “experiência humana do sacrifício”.
Em 1963, publicou a sua principal obra “Professores, para quê?”, indicada para todos os profissionais da educação em todos os níveis, engajados com a transformação da mesma para o bem comum.
No primeiro momento da obra, Gusdorf trata da relação professor-aluno, defendendo-a como essencial no processo de ensino-aprendizagem. Os sujeitos necessitam interagir com outros para que o conhecimento de mundo seja transformado em saber epistemológico. Nesse processo, é relevante a mediação docente no sentido de preparar os aprendizes para o enfrentamento da vida.
O mestre deve considerar as possibilidades, as diferenças e limitações dos alunos, pois “cada aluno é um aluno entre todos os alunos na classe reunida”. Como consequência disso, não se deverá esperar os mesmos resultados de todos os alunos.
O professor deve ser estimado e respeitado pelos alunos, para que sua voz seja ouvida o conteúdo das aulas resultantes de um gesto, um debate, um enfrentamento, uma reflexão, fazem com que o professor fique na memória do educando..
Para Gusdorf, a vida escolar não contém o essencial. Valoriza-se os programas, as notas, os exercícios, as classificações, os exames, os diplomas, em detrimento de uma educação que realmente busque a humanidade, a luta pela vida pessoal, a preocupação com o todo. A verdadeira vida, segundo o autor, está ausente do processo educativo.
Parafraseando o autor, o mestre não é um mero repetidor de uma verdade pronta. Ele anuncia, a cada um, uma resposta particular, uma resposta singular e uma realização. Abre a perspectiva de uma verdade. Ele deve se ocupar com a formação intelectual, como também, com a formação moral e espiritual, no que diz respeito à formação da personalidade.
Outro aspecto interessante na obra é a ideia de que o mestre não deve estabelecer uma relação de subordinação com o discípulo. Cabe-lhe instrui-lo e conduzi-lo de modo que se torne um indivíduo autônomo, capaz de seguir o seu próprio caminho. E o discípulo deverá se empenhar para se tornar, algum dia, mestre também. Para a eficiência do processo de ensinar e aprender, é necessário que haja a reciprocidade entre o indivíduo que ensina e aquele que aprende.
Gusdorf também faz uma crítica à pedagogia, mostrando-nos que quando se trata do enfrentamento dos problemas educacionais, o pedagogo isola-se em sua técnica e não busca compreendê-los a partir da metafísica da pedagogia nem da mitologia. Essas vertentes aceitariam o fenômeno humano em sua totalidade e tentaria situar o seu destino na totalidade do mundo.
Em vias de conclusão, Gusdorf atesta que o verdadeiro mestre considera o ensino dos programas e das atividades especializadas como um meio para despertar nos alunos as suas verdades particulares, e não para impor uma verdade universal. É, para o autor, o professor de filosofia, que se espelha em Sócrates e Diógenes, aquele que tem maior possibilidade de ser um mestre, porque conduz os educandos a questionar as evidências.
Os pensamentos de Gusdorf nos faz rever e questionar a nossa atuação docente e o próprio sistema educacional brasileiro, o qual, muitas vezes, seguiu fielmente sem contestar a  ordem estabelecida, como afirma o autor. É claro que os programas devem ser seguidos, no entanto, a educação não deve se limitar ao ensino especializado, desconsiderando as implicações e os reflexos da ação do homem no mundo e no próprio homem. O ensino deve se ocupar também com a formação da personalidade humana.
Centralizando o debate na relação professor-aluno, o autor, fundamentado em pensadores da educação, filósofos, pensamentos bíblicos, saberes mitológico e oriental, nos prova que o verdadeiro mestre deve ser um exemplo para os seus discípulos e não um modelo a ser copiado, como também, deve reconhecer a sua condição de aprendiz.
O verdadeiro mestre deve reconhecer o educando como único, portanto não esperar da classe as mesmas respostas. Assim, conquistará a confiança, a estima e o respeito daqueles que, com ele, aprendeu a pensar por si mesmos e tirar as suas próprias conclusões. 

Referências Eletrônicas:
Acesso em 18/11/2014
Acesso em 18/11/2014
Acesso em 17/11/2014
Acesso em 17/11/2014
Acesso em 17/11/2014

Acesso em 17/11/2014

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